sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A alegria parece voltar

Domingo. Data: 2 de novembro de 2008. Decisão. Não no jogo do Porco contra o Peixe, não no Grêmio e Figueirense, nem no duelo entre Sampa e Colorado e muito menos entre a Raposa e o Goiás. Era dia de finados mas a atenção não era para o desesperado Tricolor tampouco para o agonizante Vasco. As expectativas estavam sobre quatro rodas. A esperança entranhamente trajava vermelho. Mas também amarelo, azul e branco, branco e vermelho, além de outra impressionante tonalidade escarlate. Vestia todas as cores, menos preto e laranja. A chuva caía aumentando a ansiedade pelo show, pelo mico, pela sorte, pelo azar, por tudo de um e por nada de outro. Os carros vermelhos estavam nas 1ª e 2ª filas (1º e 3º) e os laranjas e pretos, nas 2ª e 3ª (4º e 5º). Os protagonistas. Mas "O" carro vermelho estava em primeiro e "O" carro laranja e preto estava em quarto. "OS" protagonistas. Quando a câmera focava em Hamilton, talvez viesse à cabeça as duas pixotadas na última corrida ano passado, aumentando a expectativa de que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar. Quando mostrava Massa, via-se um Massa calma dentro do carro e o Massa nervoso em forma de espectro nas arquibancadas de Interlagos. Apenas mais um torcedor. E as luzes se apagaram. Mas na verdadeira largada -sem o safety car- posições mantiveram-se, com Massa na ponta, Hamilton em 4º e Kovalein afrouxando até demais, tanto que Vettel passou. Daí em diante não interessa muita coisa. Só a corrida excepcional de Vettel com uma STR, uma parada a menos de Alonso e a constante espera do milagre (leia-se chuva). E Hekki, o escudeiro fiel, garantindo a 5ª posição para Lewis. Eis que surge o Boom do espetáculo. Tá certo que a cena foi um pouco tarde, mas foi o suficiente para dar drama a um roteiro até então manjando, arrancando choros e choros, risos e suspiros. A correria nos boxes era imensa, na pista era pouca. E Glock ficou. No último suspiro para pontuar. E conseguiu. Quarto após as trocas dos demais. Lewis em 5º e Sebastian, voando como outro alemão em, 6º. SEXTO era "A" posição. Os holofotes mudaram de direção. E o Brasil foi junto com o alemão pra cima do inglês.E Massa foi junto também. E os corações foram nos pescoços. Vettel para cima de Hamilon. E o Brasil apoiando, Massa torcendo, mecânicos olhando, Galvão narrando. "Agora, amigo, o Brasil é Vettel desde criancinha. PRA CIMA DELE VETTEL"... "PASSOU!" E-MO-CIO-NAN-TE! Vibramos eu, Galvão e todos. Na última volta passou. E Felipe cruzou. E o tema da vitória não tocou, aumentando consideravelmente a angústia. E o alemão passou mais um: outro alemão. Um retardatário? Não. Glock. Não, Glock! "Segura seu filho da puta!". Vettel trazia Hamilton, que ultrapassou como quis. Na última curva... Quase chorei na ultrapassagem de Vettel. Quase chorei na ultrapassagem de Glock. Assim como o pai de Felipe quase esqueceu que Hamilton ainda estava na pista e que nem o 4º nem o 5º (o 5º!) tinham completado a prova. Assim como Massa quase levou o caneco, por incríveis 300 metros e 6 segundos (!) de Glock. E o tema da vitória tocou. Para Massa. Para Hamilton. Para Felipe Massa. O tema do campeão. Com um (futuro, quem sabe) campeão chorando. Lembrando, de longe, as emoções de outro campeão. Lembrando a alegria do Domingo de manhã.

Tá meio procrastinado... mas da próxima vez me esforço.